Testemunho Jean Vanier – durante o 49 ° Congresso Eucarístico Internacional
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Segunda-feira, 7 de Abril de 2008
Carta de Jean Vanier 2008
Queridos Amigos, Por ocasião dum retiro que dei na Lituânia, em Outubro passado, para os grupos de Fé e Luz e os que querem começar uma ARCA, houve uma mãe que deu um testemunho muito comovente.Quando a sua filha nasceu com uma deficiência ela viu esse facto com um maldição. Quando, nos transportes públicos as pessoas olhavam para elas com curiosidade e, por vezes, com maldade, ela passava por momentos em que queria desistir de viver. Depois, um dia, entrou num Igreja onde viu um grupo de pessoas, das quais algumas tinham uma deficiência, felizes, rindo e dançando. Era uma comunidade de Fé e Luz. Na seqüência desse encontro passou a freqüentar empenhadamente uma comunidade Fé e Luz e aquilo que lhe tinha aparecido como uma maldição, tornou-se uma bênção.Para muitos pais, a deficiência dos seus filhos, pode parecer uma maldição. Para muitas pessoas no nosso mundo a vida pode parecer uma maldição. O que é preciso para que uma maldição se torne uma bênção? Não é esta a questão central para todosnós? Como podemos ajudar a criar comunidades que possam tornar-se fontes de bênçãos para quem se sente amaldiçoado?Ouvimos cada vez mais falar das maldições que estão em riscode afectar a nossa terra: maldições ecológicas e climáticas, terrorismo e guerras. Estes riscos aumentam, segundo parece, com o desenvolvimento industrial da China, da Índia e de muitos outros países que querem recuperar um atraso econômico. Elesvão precisar de muito petróleo (a China está a criar 40 novos aeroportos !) E todo esse petróleo vai produzir cada vez mais anidrido carbónico… Há como que uma corrida louca para o desenvolvimento que se arrisca a levar a humanidade para umcrise de dimensões nunca vistas... maldição ?Hélène Elsida, professora de economia e de teologia, dizia recentemente numa conferência pública que esta crise poderia tornar-se uma sorte grande para a humanidade! Esta maldição poderia tornar-se numa bênção. A corrida em direcção ao « mais » : mais energia, mais dinheiro, mais força, mais competição, mais produção,vai levar-nos, dizia ela, « direitinhos contra a parede ». A solução não é procurar o « menos » : menos produção, menos salário etc., mas encontrar juntos soluções novas para mais humanidade. Não sabemos o quais serão essas soluções. Não serão fixadas à partida por algumas pessoas ou países com poder. Será algo inteiramente novo. Nascerão dum diálogo em que cada um não tentará defender os seus própriosinteresses, mas procurará apenas o bem da humanidade. Juntos e não em competição e luta, mas em diálogo franco e busca em comum, encontraremos soluções … soluções de paz.E este solução implicará menos velocidade e mobilidade e mais interioridade; menos consumo e mais relações; menos técnica e mais humanização ; menos dispersão e mais unidade ; menos competitividade e mais comunidade; menos individualismo e mais partilha e vida conjunta...Estamos em tempo de Natal, um ano novo começa. É um tempo em que queremos viver a paz. Celebramos o nascimento dum menino, o nascimento do Menino. O menino tão frágil, tão vulnerável, sem sistema de defesas, mas amado e protegido pelo amor dos seus pais. É preciso pôr-nos à escuta deste menino que fica maravilhado econtempla, que nos ensina a brincar, a rir, a celebrar, a dançar, a descontrair, a gostar de nós, a dar-nos presentes a nós mesmos, a beijar-nos. Ensina-nos a ternura e a confiança, ensina-nos a humildade. Vamos construir juntos um mundo decrianças e para as crianças onde haja menos competição e mais festa e dança. Jesus diz-nos que para entrar no Reino dos Céus temos que nos tornar como crianças. Também nos diz que se acolhemos um pequenino em Seu nome, acolhemos o próprio Deus. Sim, as crianças têm muito a ensinar-nos ! Entremos na brincadeira das crianças, na dança das crianças para podermos contemplar, amar-nos e rezar juntos ao nosso Pai do Céu. Hélène Elsida dizia : menos mobilidade e consumo e mais relação. Sinto-me feliz por estar no meu lar na ARCA e poder festejar e celebrar a vida junto com outros.Já estou em Trosly há mais de 43 anos. É o meu lugar, a minha terra, mesmo se durante a minha vida viajei muito. É certo que na ARCA muitas coisas mudaram externamente. Estamos num mundo que valoriza a mudança.É preciso sempre algo novo: novas máquinas, por vezes novos parceiros, novidades…, novidades… fartamo-nos do que é velho. Mas o essencial da comunidade permanece:é a alegria das relações que duram há 20, 30, 40 anos. A Arca é o lugar da aliança, da fidelidade, da celebração, da vida em conjunto. Não é aqui que reside a bênção ?Deus esconde-se nas crianças, nestas relações de ternura e de fidelidade e na comunidade que celebra. Ele é tão vulnerável, tão cheio de amor, tão humilde diante da nossa liberdade! E Deus é sempre novo. Faz tudo ficar novo.Boa festa de Natal, bom anos novo. Alegro-me com as comunidades da ARCA e de Fé e Luz e tantas outras comunidades que colocam no coração as pessoas diferentes e fracas. Que este ano seja para todos um ano de bênção.Gosto de citar este pequeno texto de Tagore e gostaria que se tornasse verdadeiro para mim.Eu Te dou graças Senhor por a minha missão ser o estar com os deserdados que sofreme carregam o fardo dos poderosos, escondendo as suas faces e abafando os seus soluços na escuridão.Pois cada pulsação da sua dor palpitou na secreta profundidade da noitee cada insulto foi recolhido no Teu grande silêncioE o amanhã pertence-lhes.Ó Sol levanta-te sobre os corações que sangram, para que floresçam como a flor da manhã(O cesto da fruta)Dou graças pela bênção da minha vida, dou graças por esta comunhão entre nós que me dá vida eesperança. Sinto-me profundamente feliz na ARCA e em Fé e Luz. Obrigada pelos vossos postas de Natale pelos vossos votos, obrigada pelas vossas orações e por esta comunhão que me ajudam e me alegram.Rezem por mim, para que possa continuar por este caminho que Jesus me oferece.Jean VanierCarta de Jean Vanier, Ano Novo de 2008
Carta de Jean Vanier 2008
Queridos Amigos, Por ocasião dum retiro que dei na Lituânia, em Outubro passado, para os grupos de Fé e Luz e os que querem começar uma ARCA, houve uma mãe que deu um testemunho muito comovente.Quando a sua filha nasceu com uma deficiência ela viu esse facto com um maldição. Quando, nos transportes públicos as pessoas olhavam para elas com curiosidade e, por vezes, com maldade, ela passava por momentos em que queria desistir de viver. Depois, um dia, entrou num Igreja onde viu um grupo de pessoas, das quais algumas tinham uma deficiência, felizes, rindo e dançando. Era uma comunidade de Fé e Luz. Na seqüência desse encontro passou a freqüentar empenhadamente uma comunidade Fé e Luz e aquilo que lhe tinha aparecido como uma maldição, tornou-se uma bênção.Para muitos pais, a deficiência dos seus filhos, pode parecer uma maldição. Para muitas pessoas no nosso mundo a vida pode parecer uma maldição. O que é preciso para que uma maldição se torne uma bênção? Não é esta a questão central para todosnós? Como podemos ajudar a criar comunidades que possam tornar-se fontes de bênçãos para quem se sente amaldiçoado?Ouvimos cada vez mais falar das maldições que estão em riscode afectar a nossa terra: maldições ecológicas e climáticas, terrorismo e guerras. Estes riscos aumentam, segundo parece, com o desenvolvimento industrial da China, da Índia e de muitos outros países que querem recuperar um atraso econômico. Elesvão precisar de muito petróleo (a China está a criar 40 novos aeroportos !) E todo esse petróleo vai produzir cada vez mais anidrido carbónico… Há como que uma corrida louca para o desenvolvimento que se arrisca a levar a humanidade para umcrise de dimensões nunca vistas... maldição ?Hélène Elsida, professora de economia e de teologia, dizia recentemente numa conferência pública que esta crise poderia tornar-se uma sorte grande para a humanidade! Esta maldição poderia tornar-se numa bênção. A corrida em direcção ao « mais » : mais energia, mais dinheiro, mais força, mais competição, mais produção,vai levar-nos, dizia ela, « direitinhos contra a parede ». A solução não é procurar o « menos » : menos produção, menos salário etc., mas encontrar juntos soluções novas para mais humanidade. Não sabemos o quais serão essas soluções. Não serão fixadas à partida por algumas pessoas ou países com poder. Será algo inteiramente novo. Nascerão dum diálogo em que cada um não tentará defender os seus própriosinteresses, mas procurará apenas o bem da humanidade. Juntos e não em competição e luta, mas em diálogo franco e busca em comum, encontraremos soluções … soluções de paz.E este solução implicará menos velocidade e mobilidade e mais interioridade; menos consumo e mais relações; menos técnica e mais humanização ; menos dispersão e mais unidade ; menos competitividade e mais comunidade; menos individualismo e mais partilha e vida conjunta...Estamos em tempo de Natal, um ano novo começa. É um tempo em que queremos viver a paz. Celebramos o nascimento dum menino, o nascimento do Menino. O menino tão frágil, tão vulnerável, sem sistema de defesas, mas amado e protegido pelo amor dos seus pais. É preciso pôr-nos à escuta deste menino que fica maravilhado econtempla, que nos ensina a brincar, a rir, a celebrar, a dançar, a descontrair, a gostar de nós, a dar-nos presentes a nós mesmos, a beijar-nos. Ensina-nos a ternura e a confiança, ensina-nos a humildade. Vamos construir juntos um mundo decrianças e para as crianças onde haja menos competição e mais festa e dança. Jesus diz-nos que para entrar no Reino dos Céus temos que nos tornar como crianças. Também nos diz que se acolhemos um pequenino em Seu nome, acolhemos o próprio Deus. Sim, as crianças têm muito a ensinar-nos ! Entremos na brincadeira das crianças, na dança das crianças para podermos contemplar, amar-nos e rezar juntos ao nosso Pai do Céu. Hélène Elsida dizia : menos mobilidade e consumo e mais relação. Sinto-me feliz por estar no meu lar na ARCA e poder festejar e celebrar a vida junto com outros.Já estou em Trosly há mais de 43 anos. É o meu lugar, a minha terra, mesmo se durante a minha vida viajei muito. É certo que na ARCA muitas coisas mudaram externamente. Estamos num mundo que valoriza a mudança.É preciso sempre algo novo: novas máquinas, por vezes novos parceiros, novidades…, novidades… fartamo-nos do que é velho. Mas o essencial da comunidade permanece:é a alegria das relações que duram há 20, 30, 40 anos. A Arca é o lugar da aliança, da fidelidade, da celebração, da vida em conjunto. Não é aqui que reside a bênção ?Deus esconde-se nas crianças, nestas relações de ternura e de fidelidade e na comunidade que celebra. Ele é tão vulnerável, tão cheio de amor, tão humilde diante da nossa liberdade! E Deus é sempre novo. Faz tudo ficar novo.Boa festa de Natal, bom anos novo. Alegro-me com as comunidades da ARCA e de Fé e Luz e tantas outras comunidades que colocam no coração as pessoas diferentes e fracas. Que este ano seja para todos um ano de bênção.Gosto de citar este pequeno texto de Tagore e gostaria que se tornasse verdadeiro para mim.Eu Te dou graças Senhor por a minha missão ser o estar com os deserdados que sofreme carregam o fardo dos poderosos, escondendo as suas faces e abafando os seus soluços na escuridão.Pois cada pulsação da sua dor palpitou na secreta profundidade da noitee cada insulto foi recolhido no Teu grande silêncioE o amanhã pertence-lhes.Ó Sol levanta-te sobre os corações que sangram, para que floresçam como a flor da manhã(O cesto da fruta)Dou graças pela bênção da minha vida, dou graças por esta comunhão entre nós que me dá vida eesperança. Sinto-me profundamente feliz na ARCA e em Fé e Luz. Obrigada pelos vossos postas de Natale pelos vossos votos, obrigada pelas vossas orações e por esta comunhão que me ajudam e me alegram.Rezem por mim, para que possa continuar por este caminho que Jesus me oferece.Jean VanierCarta de Jean Vanier, Ano Novo de 2008
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